Ultimato do Bacon

Alita: Anjo de Combate – O Ultimato

Em 10 de Fev de 2019 5 minutos de leitura
Alita: Anjo de Combate (Alita: Battle Angel)
Ano: 2019 Distribuição: Fox Film
Estreia: 14 de Fevereiro Direção: Robert Rodriguez
Roteiro: James Cameron, Laeta Kalogridis, Robert Rodriguez; Yukito Kishiro (manga)
Duração: 122 Minutos   Elenco: Rosa Salazar, Christoph Waltz, Jennifer Connelly, Mahershala Ali, Ed Skrein, Jackie Earle Haley, Keean Johnson

Sinopse: “Uma ciborgue é descoberta por um cientista. Ela não tem memórias de sua criação, mas possui grande conhecimento de artes marciais. Enquanto busca informações sobre seu passado, trabalha como caçadora de recompensas e descobre um interesse amoroso.”

 

 

[tabby title=”Alexandre Baptista”]

Alita: Anjo de Combate, novo longa de Robert Rodriguez e James Cameron redefine as adaptações de quadrinhos ao cinema

Baseado no mangá de Yukito Kishiro, longa que estreia nesta quinta, 14 de fevereiro é extremamente fiel ao material original, repleto de ação e deslumbrante

por Alexandre Baptista

 

Em 2003 eu participava do núcleo de quadrinhos da FAU USP, a Cogumelo, que tinha reuniões na hora do almoço para definir uma infinidade de coisas do núcleo, além é claro de programar a próxima edição da revista e, numa dessas reuniões, não lembro quem mas acho que o Fausto Inomata ou o Renato Suyama, veio com a notícia de que James Cameron iria adaptar Battle Angel Alita para o cinema. Achei aquilo muito legal e segui em frente. Eu nunca havia lido o mangá e mal o conhecia.

Em 2008, a editora JBC começou a lançar Gunnm – Hyper Future Vision e ante meu quase desprezo pela obra, foi o Doo Enoki que me educou: “Esse é o Alita. A editora americana mudou o nome quando publicou por lá. A JBC está publicando com o nome original japonês”.

Ahhhhh, tá!

Eu passei então a colecionar a obra e, após finalizada a leitura que me tornou um fã do material, acompanhava esporadicamente notícias sobre o tal filme, que mais parecia o Dom Quixote do Terry Gilliam, tirando os azares do inglês: atrasos, mudanças de prioridade, Avatar na frente… e nada de Alita nos cinemas.

Finalmente o filme chegou. E minhas amigas e amigos, que obra!

Havia de minha parte alguma apreensão em relação ao diretor não ser mais o Cameron e sim o Robert Rodriguez. Afinal, Cameron dirigiu O Exterminador do Futuro (The Terminator, 1984), O Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final (Terminator 2 – Judgement Day, 1992), Aliens (1986), Titanic (1997) e Avatar (2009). Alguns desses filmes figuram entre os meus preferidos; outros deles são campeões de bilheteria e inovadores técnicos e tecnológicos em suas épocas; alguns são ambos. Já Robert Rodriguez, apesar de ter meu respeito por sua brilhante carreira, fez em Sin City – A Cidade do Pecado (Sin City, 2005) algo que não é exatamente minha paixão: a adaptação quadro-a-quadro de uma HQ, aquela do tipo que usa o quadrinho original quase que como um storyboard do filme.

Vejam, eu não tenho problemas com o fato de algumas cenas ficarem idênticas ao quadrinho. Mas a cena precisa funcionar no filme. Como filme. Eu não quero ser lembrado a cada fração de segundo que estou “assistindo” uma HQ. Quero ver um filme fiel à HQ. É bem diferente.

Por sorte (ou por supervisão de James Cameron como produtor do longa), Alita: Anjo de Combate superou todas as minhas expectativas – e elas estavam bem altas.

Quem não leu o mangá original, nem assistiu ao anime, não deve se assustar. Uma das grandes qualidades do longa é funcionar como uma simples ficção científica ambientada em um futuro distópico.

Em 2563, na Cidade de Ferro, o cientista Dr. Dyson Ido encontra uma ciborgue feminina no lixão da cidade. Com um cérebro humano intacto e ainda viva, a ciborgue recebe do doutor um novo corpo e o nome de Alita.

 

Calma, não é spoiler! Daisuke Ido encontra Gally no lixão nas primeiras cenas do mangá…

…enquanto Dyson Ido encontra Alita já no trailer!


 

A partir dessa premissa, acompanhamos a personagem principal em uma série de eventos que vão envolver sua relação filial com o Doutor Ido; a descoberta de novos amigos e um interesse amoroso; a busca por informações sobre seu passado; e, de maneira geral, a brutal forma de vida levada na Cidade de Ferro e sua relação com a cidade aérea utópica de Zalem.

Quem já leu e curte bastante o mangá, corra pra assistir. Alita: Anjo de Combate, com exceção dos nomes americanizados de Gally, Daisuke Ido e Yugo, é o filme mais fiel a um quadrinho já realizado. A caracterização dos personagens é perfeita – e vou apenas mencionar aqui Jennifer Connelly como Chiren, a exceção que ficou melhor no filme que no anime – com destaque para o Ido de Christoph Waltz e o Nova de Edward Norton (que não aparece nos créditos).

Os visuais são excelentes e, se as mudanças de data de lançamento (originalmente o filme deveria estrear em julho de 2018) foram realmente para melhoria da computação gráfica, o atraso valeu muito a pena: a textura de pele de Alita é perfeita; os olhos exagerados funcionam muito bem no contexto do filme (sendo ela uma ciborgue); as “costuras” entre tecido orgânico – pele – e máquina, presente na maioria dos personagens, é irretocável; os cenários reais e os digitais, impossíveis de se identificar.

Explicando de forma simples: se a luta final de Pantera Negra tivesse a qualidade gráfica de Alita, o longa certamente levaria o Oscar (sim, isso foi uma piada).

A trilha sonora, assinada por Tom Holkenborg (também conhecido como Junkie XL) é muito bem-feita, faltando somente alguma música da banda YES (preferencialmente, Big Generator) pra ser perfeita.

Alita é um filme que navega muito bem por muitos dos estilos de ficção científica, passando-se facilmente como uma mistura de Elysium (2013), RoboCop (1987), Speed Racer (2008), O Vingador do Futuro (Total Recall, 1990 e 2012), Blade Runner (1982), A Boneca Mecânica (Cherry 2000, 1987), Eu, Robô (I, Robot, 2004) e muitos outros do gênero.

 

A utópica cidade aérea de Zalem e a Cidade de Ferro: a relação entre as cidades lembram em muito motes de Elysium (2013).

Acusação agressiva a esse respeito, feita por um fã do mangá, gerou uma resposta inflamada de Neil Blomkamp, diretor do longa, no Twitter em 2017.


 

Planejado como parte de uma trilogia, o longa se encerra de maneira satisfatória: fecha o primeiro arco do manga e deixa pequenas pontas em aberto (e acreditem, tem muito material para as continuações que sequer foi mencionado neste filme).

Apesar de muita gente estar um pouco “de nariz torcido” para esta estreia – há quem esteja comparando a obra com Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell (Ghost in the Shell, 2017), embora os temas sejam diametralmente opostos e completamente diferentes – insisto a todos que gostam de grandes produções e ficção científica para que confiram o longa.

 

Gally, com sua pintura de guerra…

…e Alita, na versão dos cinemas: momento "John Wick".


 

Fiquem atentos para uma cena “a la John Wick”, extremamente bem construída e épica e, o mais importante, escolham bem a sala de cinema. Um filme desse porte precisa ser conferido na maior e melhor tela possível, faz toda a diferença. Eu tenho minhas preferências e quem me acompanha pela página do Sobrecapa no Facebook, sabe quais são. Façam um favor a si mesmos e peguem uma sessão em IMAX, Cinemark XD Plus, UCI XPlus, Cinépolis Macro XE ou qualquer outra dessas salas com tela em maior formato digital. Vocês vão me agradecer depois.

Depois de tudo isso e já com vontade de rever o filme, ainda sigo achando que faltou espremer Big Generator em algum canto. Mas convenhamos, estou exigindo muito. Afinal, a música aparece num momento do mangá em que o filme ainda não chegou… e é só por isso que não vou tirar um bacon da nota final. Ainda há esperança de que ela apareça no próximo longa.

 

 

Avaliação: Excelente!

 

(Começa a tocar Big Generator, sobem os créditos dessa crítica)

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Trailer:

 

Sobrecast #050, onde falamos do trailer de Alita

 

Sugestão de Leitura: 
 

 

 

 

 
 
 

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