Ultimato do Bacon

Adoráveis Mulheres – O Ultimato

Em 9 de Jan de 2020 3 minutos de leitura
Adoráveis Mulheres (Little Women)
Ano: 2019 Distribuição: Sony Pictures
Estreia: 09 de Janeiro de 2020 (Brasil)

Direção: Greta Gerwig

Roteiro: Greta Gerwig (roteiro); baseado no livro de Louisa May Alcott

Duração: 135 Minutos  

Elenco: Saoirse Ronan, Emma Watson, Florence Pugh

Sinopse: As irmãs Jo (Saoirse Ronan), Beth (Eliza Scanlen), Meg (Emma Watson) e Amy (Florence Pugh) amadurecem na virada da adolescência para a vida adulta enquanto os Estados Unidos atravessam a Guerra Civil. Com personalidades completamente diferentes, elas enfrentam os desafios de crescer unidas pelo amor que nutrem umas pelas outras.

 

 

[tabby title=”Alexandre Baptista”]

Com estrutura não linear, Adoráveis Mulheres agrada em nova adaptação de Mulherzinhas

Longa dirigido por Greta Gerwig estreia nesta quinta, 09 de janeiro, nos cinemas

por Alexandre Baptista

 

Filmes que adaptam obras literárias têm, via de regra, uma árdua tarefa pela frente. Falo sempre isso. Assim como filmes biográficos.

O que dizer então de um filme que adapta uma obra literária de inspiração autobiográfica?

Mulherzinhas (Little Woman, 1868), livro de Louisa May Alcott, é inspirado em parte em situações da vida da própria autora e sua relação com as três irmãs. Jo March, a protagonista, empresta muito de Alcott embora, como é costumeiro nesse tipo de obra, tome muitas licenças e desvios em função da estrutura narrativa e de conclusões para arcos narrativos.

A obra representa sucesso. Tanto que o longa atual é a décima quarta adaptação entre filmes, séries de televisão e plataformas de streaming, peças de teatro e até mesmo animes – os desenhos animados japoneses.

No entanto, diferente da maioria das adaptações, o longa de Greta Gerwig vai além da obra original. Em primeiro lugar ao alterar a estrutura narrativa – linear na obra literária e filmes como a versão de 1994 com Winona Ryder, Christian Bale, Susan Sarandon, Claire Danes e Kirsten Dunst ou Quatro Destinos (Little Women, 1949) uma das versões clássicas – narrando alguns eventos de forma paralela, como por exemplo as manhãs de Natal da família March ou as chegadas e retornos de Jo March a Nova York.

Em segundo lugar ao inserir pequenos acenos, ausentes no livro, ainda mais autobiográficos. Na verdade, um aceno, ao final do longa, que imagina a negociação que Alcott provavelmente realizou com seu editor e que lhe garantiu permanecer com os direitos de sua obra mas obrigou Jo March a se casar no final do livro.

Além disso, no filme Jo tem algumas características reforçadas e sublinhadas, refletindo as inclinações sexuais de Alcott que declarou em entrevista a Louise Chandler Moulton em 1883, presente no livro Over the Rainbow: Queer Children’s and Young Literature de Kenneth B. Kidd, aqui em livre tradução:

 

"Estou bastante convencida de que sou uma alma masculina que, por algum acidente bizarro da natureza, foi colocada no corpo de uma mulher… porque já me apaixonei por tantas mulheres bonitas e nunca me apaixonei nem um pouquinho por um homem".

 

O longa traz essa questão de maneira sublime: reflete a mentalidade vitoriana da época sem cair em estereótipos exagerados e sem alardear equivocadamente – como no sofrível A Garota Dinamarquesa (The Danish Girl, 2015) de Tom Hooper – algo que não era claro nem mesmo para a autora.

Analisando outros aspectos, o elenco é formidável. Saoirse Ronan entrega uma Jo March vibrante, combativa, perspicaz e desafiadora, estabelecendo um par cênico incrível com o Laurie do deslumbrante Timothée Chalamet.

A química entre os dois só ganha mais pontos graças a Amy March de Florence Pugh que repete mais uma vez uma atuação impecável – ainda que não supere sua obra-prima em O Mal Não Espera a Noite – Midsommar (Midsommar, 2019). Emma Watson é a perfeita Meg March, deslumbrada com a elegância e boa vida dos abastados e à procura de um marido. Eliza Scanlen faz uma Beth bastante apática – algo inerente à personagem – mas bastante sutil e delicada, com momentos de ternura e profundidade dramática que somente uma excelente atuação imprimem.

Além delas, Meryl Streep, Chris Cooper, Laura Dern, Tracy Letts, Bob Odenkirk e Louis Garrel no elenco de apoio também entregam belíssima atuações que enriquecem em muito essa adaptação.

A trilha sonora, belíssima, tem cheiro de Oscar. É composta de maneira grandiosa e pungente e a composição para a cena “sob o guarda-chuva”, por exemplo, pode ser tomada como uma sinédoque de toda a trilha. Tudo se encaixa de maneira orgânica e perfeito, com crescendo emocionantes e condutores da emoção que o longa quer transmitir em cada trecho. Infelizmente, carece de certa originalidade e não foi à toa que Guõnadóttir acabou levando o Globo de Ouro em vez de Alexandre Desplat.

Talvez essa seja a questão geral com o longa. Apesar de extremamente bem feito e executado, carece de qualquer coisa que o diferencie – mesmo com todas as tentativas feitas nessa direção. Sem nada de novidade, parece ser apenas mais um produto. Um produto de Oscar, mas que não emociona ou marca como deveria.

 

 

Avaliação: Ótimo

 

 

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Trailer

 

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