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Zumbilândia: Atire Duas Vezes – O Ultimato

Em 23 de Out de 2019 4 minutos de leitura
Zumbilândia: Atire Duas Vezes (Zombieland: Double Tap)
Ano: 2019 Distribuição: Sony Pictures
Estreia: 24 de Outubro

Direção: Ruben Fleischer

Roteiro: Dave Callaham, Rhett Reese, Paul Wernick

Duração: 112 Minutos  

Elenco: Woody Harrelson, Jesse Eisenberg, Emma Stone, Abigail Breslin, Zoey Deutch, Avan Jogia, Rosario Dawson, Luke Wilson, Thomas Middleditch

Sinopse: Uma década depois de Zumbilândia se transformar em um hit cult, o elenco original (Woody Harrelson, Jesse Eisenberg, Abigail Breslin e Emma Stone) se reúne ao diretor Ruben Fleischer (Venom) e roteiristas Rhett Reese & Paul Wernick (Deadpool) para Zumbilândia: Atire duas vezes. Na sequência, esses quatro caçadores devem seguir através do hilário caos que se espalhou desde a Casa Branca até o coração do país, para novamente combater os novos tipos de zumbis que evoluíram desde o primeiro filme; e também lidar com alguns sobreviventes humanos. Mas, acima de tudo, eles devem lidar com os problemas de relacionamento que surgem em seu sarcástico e improvisado núcleo familiar

 

 

[tabby title=”Alexandre Baptista”]

Elvis, Armas, Monster Trucks e Zumbis – Uma ode à cultura estadunidense

Zumbilândia: Atire Duas Vezes segue a própria fórmula e acerta em uma ótima continuação

por Alexandre Baptista

 

Muita gente, quando fala de cinema, entra naquela velha discussão sobre “o que é de fato cinema” e “quantos filmes por aí são somente produtos, sem grandes aspirações artísticas”.

A discussão é válida, mas talvez desnecessária em muitos sentidos. Talvez. Chamar algo de “arte” e depois querer classificar esse algo em um “gênero” me parece hipocrisia. Mas essa é uma conversa demorada para outra hora que eu só trouxe pra cá porque, dentro do gênero do terror – naquela subclassificação derivada em que ficam os filmes de zumbis (que caberiam também dentro de algum subgênero da ficção científica, não?) – uma das grandes características dos exemplares mais “artísticos” e respeitados pelos acadêmicos está a forte crítica social, muitas vezes mascarada pelos litros de sangue e quilos de tripas que passam pela tela.

Quando Zumbilândia (Zombieland, 2009) estreou há dez anos atrás, na esteira do magnífico e onipotente Todo Mundo Quase Morto (Shaun of the Dead, 2004) de Edgar Wright, a revitalização de um gênero que parecia denso, saturado e desgastado foi benfazeja e muito bem recebida.

A mistura entre o “terror de zumbi” e a comédia escrachada funcionou muito bem e, aliadas aos bons exemplares do gênero no período, como alguns anos antes Extermínio (28 Days Later, 2002) de Danny Boyle, o remake de Madrugada dos Mortos (Dawn of the Dead, 2004) de Zack Snyder e Terra dos Mortos (Land of the Dead, 2005) do mestre George A. Romero, injetaram novo ânimo num gênero reverenciado por muitos dos amantes da sétima arte.

Infelizmente, essa safra culminou com a excelente primeira temporada de The Walkind Dead (2010 – atual) e definhou, transformando-se em outra coisa… The Walking Dead mesmo, tornou-se uma novelinha sem graça e sem zumbis; nos cinemas e plataformas de streaming surgiram todo o tipo de aberrações como Guerra Mundial Z (World War Z, 2013), Meu Namorado é um Zumbi (Warm Bodies, 2013), Maggie: A Transformação (Maggie, 2015), com destaque para a deslumbrante exceção Invasão Zumbi (Busanhaeng, 2016).

É por isso que, mesmo 10 anos depois de seu original, um filme como Zumbilândia: Atire Duas Vezes empolga. Porque ele simboliza essa corajosa hibridização de gêneros que muita gente tentou e falhou miseravelmente em alcançar. É claro que esse segundo Zumbilândia, assim como o primeiro, não tem a sutileza e o requinte do humor de Shaun e sua turma. Falta um pouco de classe, acidez e alguns miolos (trocadilho intencional) nas piadas e gags.

Mas, ainda assim, Zumbilândia: Atire Duas Vezes cumpre o esperado. E em alguns momentos, supera o original. Na trama da continuação, Columbus (Jesse Eisenberg) e Wichita (Emma Stone) estão namorando de maneira firme enquanto Tallahasse (Woody Harrelson) e Little Rock (Abigail Breslin) seguem em sua relação “pai e filha postiços”. Só que a vida em família parece sufocante para alguns dos membros do clã e a partida das irmãs bagunça o status quo do grupo de sobreviventes.

Assim como no primeiro filme, Columbus é o narrador do longa, quebrando a quarta parede durante a narração a todo momento e colocando o espectador naquela posição de participante de uma apresentação especial. O personagem, nos minutos iniciais, chega a agradecer o público por estar conferindo o filme, mesmo dez anos após a realização do primeiro.

Com essa primeira quebra, todas as demais são extremamente bem aproveitadas e justificáveis, como por exemplo quando Madison (a excelente Zoey Deutch) “inventa” o sistema de transporte por aplicativos (no mundo de Zumbilândia, o apocalipse zumbi ocorreu anos antes da criação da Uber, por exemplo, fundada em março de 2009).

Espere por referências profusas e ininterruptas a elementos do mundo pop e geek; piadas com os Simpsons, The Walking Dead, a franquia Exterminador do Futuro e, principalmente, ao estilo de vida estadunidense de um modo geral. Em momentos, lembra muito Elvis Ainda Não Morreu (Elvis Has Left The Building, 2004) em sua colcha de retalhos extremamente kitsch e exagerada, mas que, como os Estados Unidos em si, acaba funcionando de uma maneira ou de outra.

Assim também é a trilha musical, que vai de um começo pesado com Master of Puppets do Metallica a uma versão acústica de Like a Rolling Stone de Bob Dylan e até mesmo Woody Harrelson cantando Burning Love de Elvis Presley.

Aliás, esse mesmo tom está presente nas atuações do elenco que entrega performances proposital e ligeiramente acima do tom. Estariam nos destaques as participações especiais de Luke Wilson como Albuquerque e Thomas Middleditch como Flagstaff, e principalmente Avan Jogia com seu insuportável e irritante Berkeley. No entanto, Zoey Deutch, como mencionado acima, rouba a cena com sua curiosamente estereotipada Madison – afinal, “loura burra” ou não, ela sobreviveu 10 anos de um apocalipse zumbi – e os destaques anteriores ficam pequenos perto dela.

Zumbilândia: Atire Duas Vezes se constrói nesse tipo de detalhe, bem como nas tantas vezes em que Tallahasse tenta pilotar qualquer coisa e não consegue, danificando o equipamento no processo; nos museus de beira de estrada e nos monumentos históricos estadunidenses; na presença da limusine presidencial de Barack Obama – The Beast – e no destino que a mesma sofre; na pouca presença de zumbis e nas piadas práticas e de riso fácil.

Zumbilândia: Atire Duas Vezes pode parecer apenas uma comédia com zumbis. Mas é de fato um filme de zumbis que cabe no gênero de comédia. E isso é dizer muito.

P.S. Pra não dar spoilers não posso falar nada sobre a melhor cena do filme. Apenas saibam que o longa tem a melhor cena pós-créditos da história e que, só ela, já vale o ingresso.

 

 

 

Avaliação: Ótimo

 

 

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Trailer

 

 


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