Ultimato do Bacon

O Rei Leão – O Ultimato

Em 25 de Jul de 2019 10 minutos de leitura
O Rei Leão (The Lion King)
Ano: 2019 Distribuição: Buena Vista
Estreia: 18 de Julho

Direção: Jon Favreau

Roteiro: Jeff Nathanson (roteiro); Brenda Chapman (história); Irene Mecchi, Jonathan Roberts, Linda Woolverton (personagens)

Duração: 118 Minutos  

Elenco: Donald Glover, Chiwetel Ejiofor, James Earl Jones, Alfre Woodard, Seth Rogen, Billy Eichner, Beyoncé

Sinopse: “Simba (Donald Glover) é um jovem leão cujo destino é se tornar o rei da selva. Entretanto, uma armadilha elaborada por seu tio Scar (Chiwetel Ejiofor) faz com que Mufasa (James Earl Jones), o atual rei, morra ao tentar salvar o filhote. Consumido pela culpa, Simba deixa o reino rumo a um local distante, onde encontra amigos que o ensinam a mais uma vez ter prazer pela vida.”

 

 

[tabby title=”Alexandre Baptista”]
Salve pessoal, tudo certinho? A crítica de hoje vai ser num formato um pouco diferente porque eu preciso dar um recadinho pra turminha chata do mimimi, que se acha melhor que os outros porque é mais puro, nobre e elevado e só assiste filme “bom”.

Então, nas abas abaixo temos duas opções: a crítica completa, com o recadinho chato; e uma versão sem o mimimi. Escolha a sua e boa leitura!

[tabby title=”Texto Completo”]

Excelente espetáculo visual, O Rei Leão é lindo, emocionante e bem dirigido

Criticado por saudosistas inconformados, longa de Jon Favreau segue lotando salas e deslumbrando plateias

por Alexandre Baptista

 

O público hoje em dia tem muita opção de entretenimento. Músicas, filmes, séries, jogos, vídeos online, podcasts… criações outrora puramente artísticas são hoje produtos (alguns ainda tentando manter o cunho artístico), realizados em ritmo quase industrial.

Nesse sentido, há quem critique a validade desses produtos e a necessidade dos mesmos: precisa fazer tal remake? Precisa adaptar pra filme o livro tal? A peça de teatro tal precisa virar série de plataforma de streaming? Existe necessidade de tanta intertextualidade entre as obras? Universos compartilhados? E por aí vai.

No entanto, pra além desse questionamento, alguns pseudo-intelectuais acusam a maioria dos filmes de serem “cinema sem Cinema”, desmerecendo o trabalho envolvido em qualquer produção cultural e artística. Ou melhor, desmerecendo o valor artístico da obra, seja ela qual for.

Caros colegas acadêmicos: me parece que, se estudaram arte, não entenderam direito. Fruir arte é uma capacidade de qualquer ser com pensamento lógico e emocional. Toda pessoa, independentemente de sua formação intelectual, frui (e pode produzir) arte, a partir de suas experiências pessoais. Ou negamos o valor da arte Naïf? Ou negamos artistas autodidatas como Salvatore Emblema e Simone de Beauvoir? Ou negamos que qualquer obra de arte que seja é capaz de provocar sentimentos e reações em um analfabeto?

Assim sendo, é bastante inútil discutir a necessidade de qualquer produção ser realizada. Se entendermos o cinema como uma indústria, tudo aquilo que tem demanda precisa ser produzido. Se entendermos o cinema como arte, toda expressão artística é válida. Você gostar ou não é outra coisa. Justamente porque o gosto, decorrente em parte justamente da fruição artística, é algo pessoal.

Sim, você tem todo o direito de não gostar. Mas por favor, pare de encher o saco de quem gostou. Quer discutir a qualidade técnica (que é algo totalmente diferente)? Vá em frente.

Ainda assim, guarde seu pedantismo pra quando estiver escovando os dentes, beleza?  Olhe-se no espelho, com a boca cheia de pasta de dente, mire no fundo dos seus próprios olhos e pense consigo mesmo: “nossa, eu sou melhor que o resto da humanidade”. Melhor, diga isso em voz alta, com a boca pingando espuma!

Mas faça um favor aos demais seres humanos: larga a mão de ser síndico de rede social, de cagar regra e de querer dar palpite no gosto alheio.

Tirando os pedantes de lado, ainda assim muita gente razoável se pergunta por que fazer uma versão live action das animações consagradas da Disney.

Por que a Disney inventou o projeto Reimaginings? Ora, porque já fazem muitos anos que as animações originais foram realizadas e remakes, em animação, iriam ser ainda mais estranhos que suas versões em live action. Ou, de maneira mais direta: pra ganhar dinheiro.

E, numa indústria que praticamente exige que grandes produtos e franquias se mantenham vivas de tempos em tempos, era óbvio que o maior conglomerado de entretenimento mundial não iria deixar de fora justamente os seus maiores e mais retumbantes sucessos.

O detalhe é que isso não é, ao contrário do que muitos críticos têm afirmado, necessariamente ruim. O novo O Rei Leão, por exemplo, é excelente.

A primeira coisa que o espectador precisa entender quando entrar pra ver O Rei Leão é que estamos falando de um remake. Não é o mesmo filme de 1994! Falas são parecidas? Trechos são similares? Sim. A maior parte delas, inclusive. Mas não é a mesma coisa.

Imagine as peças de teatro, de Shakespeare por exemplo, escritas há centenas de anos e que possuem milhares de montagens realizadas, em diversos países; versões para o cinema, versões narradas; obras acadêmicas analisando-as… nem todas essas versões são integrais. Nem todas essas versões são literais. E, pra começar… se você está assistindo a montagem em português, Robert Frost teria algo a lhe dizer: poesia é aquilo que se perde na tradução.

O que dizer então das versões para o cinema que muitas vezes guardam pouco das peças originais? Macbeth: Ambição e Guerra (Macbeth, 2015); Hamlet (2000); Romeu e Julieta (Romeo + Juliet, 1996); só pra citar alguns.

Sim, temos uma série de viuvinhas de Shakespeare que criticam as montagens, as interpretações, as versões cinematográficas… eu fico com pena delas, desejando que elas tivessem tido a sorte de ter nascido no século XVI, na Inglaterra, para conferir as montagens originais das peças – e nem vamos entrar na discussão sobre a autoria, defendida por muitos como sendo de Edward de Vere, o conde de Oxford.

O que quero dizer com isso é que nada, além da obra original, é a obra original. Suas reinterpretações, derivações e afins tem todo o direito de existir. Seja como arte, seja como produto. O que significa dizer que O Rei Leão de Jon Favreau não é o “seu” O Rei Leão amado e idolatrado de 1994. Conforme-se com isso e seja feliz, mesmo que seja ignorando a existência do novo longa.

E esse recado vale em dobro pra quem decorou as falas da versão dublada original: a nova dublagem não tem o mesmo texto, não tem muitas das vozes originais. Não é a mesma dublagem, conforme-se novamente ou veja legendado como eu fiz.

 

Com isso fora do sistema, vamos à crítica em si.

Pra começar, a nova tecnologia com cenários e personagens digitais é absurdamente deslumbrante. Ela transforma o estilo de animação dos anos 90, datado, em paisagens da savana africana extremamente realistas. Em muitos momentos o espectador pode se perguntar se está assistindo um documentário da NatGeo, facilmente. Algumas cenas destacam isso: o percurso do ratinho, que entra na toca de Scar; o percurso do chumaço da juba de Simba, que chega às mãos de Raffiki (numa mudança da cena da folhinha que leva o cheiro de Simba na animação original); e, obviamente, a cena de abertura do Círculo da Vida.

Falando nela, além de parecer uma tomada de estabelecimento de algum documentário sobre a vida animal, ela está e é tão perfeitamente orquestrada e desenhada que é bastante complicado não se emocionar logo na abertura do longa. As cenas parecem ter sido simplesmente sobrepostas ao desenho original e a trilha sonora provoca o mesmo efeito que há 25 anos atrás.

O novo longa é essencialmente idêntico à animação, com uma diferença básica: um esforço descomunal em corrigir falhas absurdas dele; e não humanizar os personagens – tanto quanto é possível em um filme com animais falantes.

Portanto, não espere Raffiki usando um cajado ou se comportando como um velho mestre do kung-fu das selvas. Não espere Timão vestido de saia havaiana (e vou falar disso de novo no texto). Nem hienas rindo sentadas, com as mãos sobre a barriga. Sem o áudio e a trilha sonora, o novo filme da Disney imita a movimentação natural dos animais ali representados à perfeição. Não que isso acrescente algo à estrutura narrativa da história ou apresente maior ou menor valor artístico ao longa. É bom simplesmente por ser uma visão diametralmente oposta à original. É bom por ser diferente e funcionar.

No time de vozes originais estão Donald Glover como Simba; Beyoncé como Nala; Seth Rogen como Pumba; Billy Eichner como Timão; Chiwetel Ejiofor como Scar e James Earl Jones como Mufasa. Indispensável dizer que ninguém conseguiria dar o peso emocional que Mufasa precisa, a não ser Jones; Ejiofor e Beyoncé fazem um trabalho bastante competente, com, obviamente, algum destaque para as sessões musicais da cantora; Rogen e Eichner conseguem uma química tão especial quanto a dos dubladores originais, carismáticos, engraçados e alegres, com um timming impecável nas piadas; e Glover está simplesmente incrível: ele modula a voz para rejuvenescê-la quando Simba, embora adulto, ainda está na fase “Hakuna Matata”. Vai imprimindo mais gravidade e densidade à medida que o leão se convence de suas obrigações e responsabilidades. Isso sem contar as partes musicais, onde Glover se destaca plenamente. Pra quem não sabe, Donald Glover é também o músico Childish Gambino (pseudônimo que adota na música), autor de This Is America.

A trilha sonora segue sendo extremamente emocional e impactante, com novas versões dos clássicos e novas canções.

Destaque para uma mudança em Can You Feel The Love Tonight, sutil, mas muito bem-vinda: na versão original, as partes cantadas por Timão – com seu sotaque de descendente italiano criado no Bronx – pareciam extremamente debochadas, a ponto de incomodarem o autor da canção, sir Elton John. Na versão atual, a extravagância foi extremamente amenizada, dando lugar a um lamento sincero e muito mais emocional e emocionante.

Aproveitando para citar mais mudanças, vale perceber que o romance entre Simba e Nala perdeu muito de seu destaque e a postura da leoa, evidente em pequenas mudanças nas cenas e falas, é de maior protagonismo e independência.

Outra mudança, essa a mais legal do filme, é na cena em que Timão e Pumba se oferecem como jantar às hienas, criando uma distração para que Simba chegue até Scar. Na versão original, os dois personagens dançam a hula havaiana (eu avisei que voltaria a essa cena, originalmente um aceno a uma das atrações da Disneylândia); agora, a saída é uma quebra interessantíssima que, além de ser engraçadíssima, parece fazer uma declaração: “somos personagens da Disney e temos orgulho disso”. Na versão original havia algo parecido, mas muito mais discreto, no sotaque francês de Timão nas primeiras linhas de Can You Feel The Love Tonight. Agora, a referência é óbvia e marcada.

Em outro momento como esse, temos uma piada com a versão de 1994: em Hakuna Matata – no trecho em que Pumba canta “quando eu era um filhote”, o javali explica que não podia soltar gases que era ridicularizado por todos. Só que a frase final, algo como “toda vez que eu peidava”, era censurada em 1994 por Timão, que impedia Pumba de termina-la. Agora, o javali chega a perguntar “Você não vai me impedir Timão?” que responde negativamente, dando aval ao colega para terminar a “frase feia”.

O filme ainda tem outras atualizações de piadas que quebram a quarta parede, como a piada sobre “produção local”, na cena da comilança de insetos e outra quando apresentam o tema Hakuna Matata a Simba: “a maioria das pessoas fica muito mais empolgada quando a gente fala isso”.

Em resumo, O Rei Leão novo consegue corrigir as falhas de seu antecessor; consegue manter a linha narrativa principal de forma emocionante e envolvente. Consegue dominar a técnica que utiliza de forma convincente e incrível. Sem dúvida um filme obrigatório para quem não tem preconceitos e preconcepções.

E lembre-se: hakuna matata é tão bom quanto atum com batata.

 

 

Avaliação: Ótimo!

 

[tabby title=”Sem mimimi”]

Excelente espetáculo visual, O Rei Leão é lindo, emocionante e bem dirigido

Criticado por saudosistas inconformados, longa de Jon Favreau segue lotando salas e deslumbrando plateias

por Alexandre Baptista

 

Pra quem não leu a versão longa do texto, digo resumidamente que o novo O Rei Leão, apesar de muito parecido em muitas partes, não é o desenho animado de 1994. E isso é bom em muitas e muitas coisas.

Pra começar, a nova tecnologia com cenários e personagens digitais é absurdamente deslumbrante. Ela transforma o estilo de animação dos anos 90, datado, em paisagens da savana africana extremamente realistas. Em muitos momentos o espectador pode se perguntar se está assistindo um documentário da NatGeo, facilmente. Algumas cenas destacam isso: o percurso do ratinho, que entra na toca de Scar; o percurso do chumaço da juba de Simba, que chega às mãos de Raffiki (numa mudança da cena da folhinha que leva o cheiro de Simba na animação original); e, obviamente, a cena de abertura do Círculo da Vida.

Falando nela, além de parecer uma tomada de estabelecimento de algum documentário sobre a vida animal, ela está e é tão perfeitamente orquestrada e desenhada que é bastante complicado não se emocionar logo na abertura do longa. As cenas parecem ter sido simplesmente sobrepostas ao desenho original e a trilha sonora provoca o mesmo efeito que há 25 anos atrás.

O novo longa é essencialmente idêntico à animação, com uma diferença básica: um esforço descomunal em corrigir falhas absurdas dele; e não humanizar os personagens – tanto quanto é possível em um filme com animais falantes.

Portanto, não espere Raffiki usando um cajado ou se comportando como um velho mestre do kung-fu das selvas. Não espere Timão vestido de saia havaiana (e vou falar disso de novo no texto). Nem hienas rindo sentadas, com as mãos sobre a barriga. Sem o áudio e a trilha sonora, o novo filme da Disney imita a movimentação natural dos animais ali representados à perfeição. Não que isso acrescente algo à estrutura narrativa da história ou apresente maior ou menor valor artístico ao longa. É bom simplesmente por ser uma visão diametralmente oposta à original. É bom por ser diferente e funcionar.

No time de vozes originais estão Donald Glover como Simba; Beyoncé como Nala; Seth Rogen como Pumba; Billy Eichner como Timão; Chiwetel Ejiofor como Scar e James Earl Jones como Mufasa. Indispensável dizer que ninguém conseguiria dar o peso emocional que Mufasa precisa, a não ser Jones; Ejiofor e Beyoncé fazem um trabalho bastante competente, com, obviamente, algum destaque para as sessões musicais da cantora; Rogen e Eichner conseguem uma química tão especial quanto a dos dubladores originais, carismáticos, engraçados e alegres, com um timming impecável nas piadas; e Glover está simplesmente incrível: ele modula a voz para rejuvenescê-la quando Simba, embora adulto, ainda está na fase “Hakuna Matata”. Vai imprimindo mais gravidade e densidade à medida que o leão se convence de suas obrigações e responsabilidades. Isso sem contar as partes musicais, onde Glover se destaca plenamente. Pra quem não sabe, Donald Glover é também o músico Childish Gambino (pseudônimo que adota na música), autor de This Is America.

A trilha sonora segue sendo extremamente emocional e impactante, com novas versões dos clássicos e novas canções.

Destaque para uma mudança em Can You Feel The Love Tonight, sutil, mas muito bem-vinda: na versão original, as partes cantadas por Timão – com seu sotaque de descendente italiano criado no Bronx – pareciam extremamente debochadas, a ponto de incomodarem o autor da canção, sir Elton John. Na versão atual, a extravagância foi extremamente amenizada, dando lugar a um lamento sincero e muito mais emocional e emocionante.

Aproveitando para citar mais mudanças, vale perceber que o romance entre Simba e Nala perdeu muito de seu destaque e a postura da leoa, evidente em pequenas mudanças nas cenas e falas, é de maior protagonismo e independência.

Outra mudança, essa a mais legal do filme, é na cena em que Timão e Pumba se oferecem como jantar às hienas, criando uma distração para que Simba chegue até Scar. Na versão original, os dois personagens dançam a hula havaiana (eu avisei que voltaria a essa cena, originalmente um aceno a uma das atrações da Disneylândia); agora, a saída é uma quebra interessantíssima que, além de ser engraçadíssima, parece fazer uma declaração: “somos personagens da Disney e temos orgulho disso”. Na versão original havia algo parecido, mas muito mais discreto, no sotaque francês de Timão nas primeiras linhas de Can You Feel The Love Tonight. Agora, a referência é óbvia e marcada.

Em outro momento como esse, temos uma piada com a versão de 1994: em Hakuna Matata – no trecho em que Pumba canta “quando eu era um filhote”, o javali explica que não podia soltar gases que era ridicularizado por todos. Só que a frase final, algo como “toda vez que eu peidava”, era censurada em 1994 por Timão, que impedia Pumba de termina-la. Agora, o javali chega a perguntar “Você não vai me impedir Timão?” que responde negativamente, dando aval ao colega para terminar a “frase feia”.

O filme ainda tem outras atualizações de piadas que quebram a quarta parede, como a piada sobre “produção local”, na cena da comilança de insetos e outra quando apresentam o tema Hakuna Matata a Simba: “a maioria das pessoas fica muito mais empolgada quando a gente fala isso”.

Em resumo, O Rei Leão novo consegue corrigir as falhas de seu antecessor; consegue manter a linha narrativa principal de forma emocionante e envolvente. Consegue dominar a técnica que utiliza de forma convincente e incrível. Sem dúvida um filme obrigatório para quem não tem preconceitos e preconcepções.

E lembre-se: hakuna matata é tão bom quanto atum com batata.

 

Avaliação: Ótimo!

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